sábado, 8 de novembro de 2008

A viagem. Luang Prabang - ?

Luang Prabang da vontade de ficar. Esta-se bem por la. Boa comida, cafes simpaticos virados para o Mekong. Por volta das 6 da manha, com o nascer do dia, centenas de monges com as suas tunicas laranjas, percorrem as ruas e recebem as oferendas do dia, arroz e vegetais e por vezes tb dinheiro. No dia anterior ao jantar ja tinha decidido nao ir a Veng Vieng, e descer mais perto da fronteira com a Tailandia, numa zona pouco explorada e onde ainda sao utilizados elefantes em trabalho e existem elefantes selvagens. Primeiro tinha de apanhar um barco e depois pedalar 25 km ate Hongsa. Ai havia uma Guest House e poderiam arranjar caminhada ate acampamento de elefantes. Depois seriam 95 Km de uma estrada ate a capital da provincia - Xayaboury, depois mais 100 km ate outra terrinha e apanhava um barco ate a capital. Ja tinha o bilhete do barco e tudo, mas comecei a pensar...ia partir as nove e apesar de no guia dizer meio dia de viagem, na bilheteira disseram 8 horas, ou seja ja ia chegar tarde para depois fazer mais 25 km, depois a estrada ate a capital da provincia era descrita como tao ma que na altura seca demorava 6 a 10 horas de autocarro que sao autenticos todo terreno, e se chovesse podia ficar intransitavel varios dias...eu nao tinha tenda e pelo mapa seria impossivel ficar pelo caminho, sem infrastruturas. Decidi ir para Veng Vieng, em 12 horas mudei varias vezes de ideias mas depois estava decidido. Ja parti tarde com tantas mudancas de planos...mas tinham-me dito duas coisas, muito bonito e muito dificil....Os primeiros 8 km foram normais, mas depois comecou tudo ao mesmo tempo, vento, chuva e subida, nevoeiro...foi assim quase o caminho todo ate a primeira terra. O Objectivo era Phou Khoun ficava a 130 km de Luang Prabang, esse era o sitio que eu tinha a certeza que tinha Guest House. Mas era sempre a subir, sempre a subir. A subida e frustrante. E lenta, muito cansativa, vai-se sempre em esforco, pouco abaixo limite, qd uma perna sobe baixa a outra..., o truque e estabelecer metas. depois daquela curva, e daquela, e depois de passar aquele poste, dirigi-se a atencao para outras coisas, para o conforto ou desconforto do assento, para as mudancas, para os pneus, para a paisagem, para a musica, para os pensamentos, tudo serve para distrair do cansaco e vai-se andando andando...o suor escorre por todo o corpo, desde o dedo grande do pe ate aos cabelos, mistura-se com a chuva e volta e meia cai no olhos e arde o que tb nao ajuda...compara-se o que se conseguia subir com o que se consegue..."fogo ja levo quase tres horas sem parar...antes nem 10 minutos..." e volta e meia sabaadee...As aldeias ou sao os vales junto aos rios, ou sao no cimo, no extremo cimo das montanhas, de tal maneira que chega-se habitualmente a subir e parte-se a descer destas aldeias...tb sabemos qd as vemos ao longe que vamos passar por la...As pessoas estavam abrigadas, diziam sabadee de dentro das casas, riam-se qd passava...la vai um maluquinho dum "falengue". Ate as 4 e meia foi sempre a subir e quase sempre chuva. No fim do Km 80 ainda me faltava muito ate Phou Khoun...Tinha chegado a Kio kachan. Era uma paragem frequente dos autocarros que fazem Veng Vieng - Luang Prabang. Tinha baguetes, restaurante com menu em ingles, uma mulher que falava ingles e guest house. Estava com forca para continuar, mas encgarcado e cansado e nao pensei duas vezes, fiquei. O quarto era, digamos, simples. Uma cama e lencois e cobertor. Janela sempre fechada e pouco espaco para andar a volta da cama. Chegava-se aos quartos depois de se atravessar a zona das baguetes e das saladas de fruta, depois a zona do restaurante, cozinha segui um corredor e ao fundo os quartos. Sem duvida usar o saco cama ia ser obrigatorio, mas nao por causa do frio....a casa de banho era tipica, buraco no chao, balde grande e balde pequeno. O balde grande neste caso tinha sido substituido por um pequeno tanque onde a agua era armazenada..bem eu nao sei de onde vinha a agua, se directamente do rio mas era preta! foi completamente impossivel tomar banha...pensei, olha tomei banho de chuva e era mais ou menos verdade. A comida nao era ma e deitei-me cedo e aterrei logo...acordei com a chuva e com a incrivel sensacao, apesar do quarto de estar extremamente confortavel. La fora chovia muito. Fiquei uma hora a ouvir a chuva e depois levantei-me. As 8 depois de comer sai, novamente debaixo de chuva. Recomecei com subida o que e sempre demoralizante, mas pensava sempre que nao podia ser sempre a subir. Luang Prabang fica a 700 m de altura em relacao ao nivel do mar. Kio Kachan fica a 2300 m de altura. Era a altura maxima marcada no mapa. Continuei a subir mas pouco depois descia e depois subia e depois descia. Fiz 60 km nesse dia e cheguei a Phou Khoun outra vez debaixo de muita chuva. Podia ter continuado, mas pelo mapa teria de fazer mais 50 km. Esse dia foi muito lento, parei imensas vezes. Visitei um mosteiro no cimo de um monte com 4 monges e uns trabalhadores. A paz foi interrompida por um dos trabalahadores que falava ingles e veio praticar comigo - nome, pais, idade, profissao, casado ou solteiro, filhos, donde venho e para onde vou....acabei no entanto a almocar com eles no chao do templo arroz sticky e a beber agua fervida. A agua e servida e e facil perceber porque, deve ser apanhada no rio e no fundo do copo fica sempre um deposito de terra....fiquei uma hora a ver a chuva cair. Ia parando para beber qd podia, mas a maioria das aldeias eram muito basicas, ficavam assustados qd me viam. Aldeias de montanha. Malaguetas a secar, arroz, animais a passar, galinhas atravessam a estrada sempre na ultima, nao sei como nao morrem mais, caes que olham para nos desconfiados mas que nos deixam em paz ( dica importante, se passarmos os 30 km hora os caes desistem), mulheres com turbantes na cabeca feitos com tudo o que tiverem e criancas com cestos de lenha as costas ou legumes, cacadores passam com espingardas muito antigas e fisgas potentes, alguns com arpoes artesanais feitos de elasticos apanham peixes nos rios, muitas criancas que na subida correm ao lado da bicicleta e vao sempre dizendo sabadee ( vou arranjar um cartaz e por na bicicleta). A paisagem era sempre muito bonita, se bem que as vezes debaixo de chuva. A guest house de Phou Khoun era bem pior. Saco cama obrigatorio. O quarto tinha tantas borboletas que nao da para imaginar. Do lado de fora do quarto, estava uma tao grande que pensei que fosse um morcego. Eu estava no quarto 2, no quarto um ficava o dono. Nao perdeu tempo em mostrar-me os elevadissimos decibeis que as colunas que tinha no quarto podiam alcancar....A casa de banho era melhor, o chuveiro funcionava e tinha agua quente. O agua quente e sempre igual na asia, e agua morna, uma resistencia aquece a agua, se o volume de agua for muito apenas aquece muito ligeiramente, se for pequeno ate aquece. Mas este era diferente, num espaco de 1 minuto a agua ia de gelada a escaldar a gelada, foi um banho intermintente com um chuveiro temperamental. Nesta o balde grande tambem era um tanque, mas maior um bocadinho, a agua era limpa, mas tinha uma coisa nunca antes vista. Pecas de mota dentro de agua e peixes! Vivos claro a nadar pelo meio das pecas..... Jantei uma sopa de massa com legumes e carne e depois recolhi ao meio das borboletas...a entrada do hotel dezenas de pessoas jogavam cartas e tinham musica muito alta, mas adormeci na mesma...Acordei cedo, o dia anterior tinha sido medio em esforco, mas qd acordei tinha um problema - pneu em baixo...e chovia!!! bem fui ate um cafe abrigado, pedi um cafe (vem sempre tb um cha a acompanhar :) )e comecei a desmontar a bicicleta, tira-se os travoes, tira-se a roda, tira-se o pneu, a camara de ar, localiza-se o furo, poe-se o remendo, sentei-me em cima do remendo e volta-se a montar tudo. Eu estava sempre a espera de ter um furo, as estradas sao pessimas! cheias de buracos e pedras com arestas afiadas. a paisagem era cada vez mais bonita. Parti outra vez a subir e com chuva. Fui pedalando devagar por causa da estrada, rapidamente estava a descer, e fui andando e parando. De repente, no meio ds montanhas, um rio, uma piscina natural enorme, com dezenas de criancas a tomar banho, sol, e 5 bangalows e dois restaurantes. Os bangalows eram impec, limpissimos, todos em madeira, com varandinha ao sol, com ventoinha e ar condicionado, lencois brancos, casa de banho limpa, com vista para a piscina natural e montanhas. Dois restaurantes e o que tinha entrado tinha as coisas tipicas mas variedade. Um deles, onde eu tomei todas as refeicoes era em parte assente sobre um pequeno laga, com 25 por 8 metros, mas repleto de peixes nao muito grandes mas do tamanho de uma mao aberta e o dono com uma cana de bamboo, um anzol e pao, fartava-se de pescar!! nem sai do restaurante, bastava deixar cair a linha na agua sentado a mesa. So tinha feito 20 km estava fresco mas era tao bonito que fiquei...tomei banho no rio, sequei ao sol, comi beme dormi bem. O 4 dia de vaijem ainda foi melhor, paisagem era muito muito bonita, aldeias muito simpaticas e sempre a descer sempre a descer. A estrada era pessima, e depois de parar num restaurante que vendia toda a especie de animais a porta, desde apanhados na floresta, a ratos, passaros, insectos, caudas e focinhos de porco, de beber uma coca cola e esperar que chuva acabasse mais um contra tempo! outro furo e outra vez no pneu da frente...faltavam 20 km....seca...mas fui enchendo e andando 5 km, enchia e mais 5 e assim cheguei a Veng Vieng. Pelo meio fiz o Km 1000! qd estva a passar por um posto de controlo da policia e tive 5 minutos a explicar ao guarda como e que se tirava fotos coma minha maquina. No Total fiz 238 Km, 80 no primeiro dia, 50 no segundo dia, 20 no 3 dia e 91 no ultimo dia. Media de 14 km/h..., vel max 58 km/h, No total de Km desde inicio 1184 km.
Agora estou instalado noutro bangalow impec, virado para o rio, com varandinha, furo ja arranjado!

8 comentários:

Rúben Lima disse...

Mais logo escrevo mais que agora estou de saída mas ficas já a saber que és tio de um menino lindo e super saudável, nasceu hoje, 8 de Novembro, às 06.20h da matina, com 50 cm e 3,5 kg... abraço, mais logo escrevo mais mas para o teu mail do gmail... vou ter com ele e com a mamã!

Anónimo disse...

Carlos:
Estou em Mogadouro com o Miranda.
É sempre um prazer ler e "ver" a tua viagem.
Bjs e saudades do teu Pai

Anónimo disse...

entao meu!

O q tu escreveste ja da para escrever um livro.

continua a pedalar, forca!

do exilio nao forcado
Manel!

Anónimo disse...

Carlos,

Depois da Rosarinho me ter actualizado quanto ao paradeiro dos manos, não resisti a ler e ver algumas passagens desta tua aventura. Inveja...(mas não consigo sequer subir de bicicleta do Chiado à Graça). Beijinhos e boa viagem. Ana.

PS: Manel, o que andas a fazer nos Alpes??? (Toulouse, sul de França, trabalho, sol, mar, um bom vinho e queijo.)

Anónimo disse...

Carlos,

Depois da Rosarinho me ter actualizado quanto ao paradeiro dos manos, não resisti a ler e ver algumas passagens desta tua aventura. Inveja...(mas não consigo sequer subir de bicicleta do Chiado à Graça). Beijinhos e boa viagem. Ana.

PS: Manel, o que andas a fazer nos Alpes??? (Toulouse, sul de França, trabalho, sol, mar, um bom vinho e queijo.)

Maria disse...

beijos!

Anónimo disse...

Viemos "passear" por Laos... força e até breve. Beijo da Filipa e um abraço do Hugo.

cherry disse...

Eu estive por aí perto mas já voltei...só muito poucos têm o privilégio de ter 2 meses de férias! Nem me parece nada bem... Mas enfim...
Por cá, o Natal aproxima-se e a árvore de Natal já regressou. E com muito enfeites. Renovados! De muito bom gosto como sempre. À semelhança das descrições que te enviava à 4ª feira por sms. Pode ser que desta vez consiga uma foto!
Beijos. Vou dormir. Fico cansadissima só de ler os km que fazes!