sábado, 1 de novembro de 2008

Laos 2008 RAW
Laos 2008 RAW
Laos 2008 RAW
Laos 2008 RAW
Laos 2008 RAW

Muang Ngoi Neua

Acordei cedo em Nong Khiaw. O acordar carrega sempre a mesma rotina...As 4 e 30 comecam as galinhas com um conserto ensurdecedor em todos os lugares por onde tenho passado. As 5:30 comecam as primeiras vozes, os motores dos barcos e de algumas motas. As 6 a primeira luz tenue entra no quarto e 6 : 30 levanto-me. Raramente me deito depois das nove, excepto qd encontro algum viajante conhecido, o que tem acontecido com cada vez mais frequencia. O Amanhecer no rio estava lindissimo. Como era cedo era o unico turista acordado e fartei-me de tirar fotos da ponte ao amanhcer. O pequeno almoco foi reforcado com varios itens do menu - sumo de fruta, baguete (heranca dos franceses), salada de fruta com iogurte e muesli, ainda panqueca e por fim um expresso de nome, mas o cafe cai muito bem. Depis de refeito fui tentar arranjar o suporte, mas parecia impossivel. Um dos parafusos tinha-se partido e estava dentro da rosca, sem que eu o conseguisse retirar. Tinha hora e meia para apanhar o barco para Muang Ngoi Neua. Fui a unica ofina da aldeia e logo pararam todos os trabalhos. Qd viram o meu problema riram-se mas nao desistiram...Depois de muito martelar tiveram uma ideia brilhante, soldaram um tubo de metal ao que restava do parafuso, depois de arrefecer foi so desenroscar e agarrado veio a ponta do parafuso! depois foi so ir a loja em frente arranjar um parafuso ade1quado, montar e no fim ainda me olearam a corrente EStava salvo e ainda tinha mais de meia hora para apanhar o barco, e tudo por 2,5 euros...agredeci e eles riram-se com orgulho por me terem desenrascado e la parti para o barco. A primeira fase foi o descer as escadas carregado, com sacos pendurados por todos os lados e ainda a bicicleta num braco. Foi colocada no tejadilho e eu fui-me certificar que estava bem amarrada. Metade do barco era composta por Turistas. Muitos ricos e que vinham de Luang Prabang em mini vans com ar condicionado e guia local, vinham ter a sua experiencia do "verdadeiro" Laos. A maioria era francesa e tinham uma idade consideravel, por volta dos 70 anos e nao deixava de ser engracado encontrar tanta gente depois de algum tempo com pouco contacto com turistas. A minha frente ia uma velhinha com rugas, muitas rugas, olhar cansado e um sorriso sempre que se virava para mim. Tinha um olho vendado e ia ao lado dela uma alema de 1,9 metros, loura e olhos muito azuis e bonita em frente dela e ao meu lado o namorado. A velhinha agarrou-se ao braco dela e nunca mais o largou e eu ela e o namorado fomos a conversar grande parte da viagem. Ja os tinha encontrdo noutra terra, na rota de algumas terrinhas do norte do Laos. Foi pela segunda ou terceira vez que me perguntaram se era eu O Portugues que andava a fazer o nortedo Laos de bicicleta! Foi a confirmacao que ja tinha ganho uma certa reputacao e o respeito da maioria dos turista. Consideram-me um turista aparte, diferente e essa sensacao e boa...tantos os turistas como os locais. Nunca ninguem encontrou mais nenhum portugues ate agora nem fiquei em guest houses onde tivesse entrado um luso pela memoria dos donosBem com a bicileta no tejadilho, alforges arrumados e barco cheios cumprndo o preceito local-cabe sempre mais alguem, mais uma galinha, um cao, um porco, saco de arroz...la partimos a subior o Nam Ou. Com o peso o barco andava devagar eu ia tirando a paisagem e a velhinha a minha frente para alegri de todos os locais, que se riam e espreitavam pelo visor e acabavam a pedir fotos dos filhos e familiares e sorriam com orgulho qd eram escolhidos pela objectiva. A paisagem desenrolava-se calmamente com montanhas muito altas e estreitas, como frande pedregulhos cobertos de vegetacao densa e arvores enormes, ou paredes lisas e escarpadas. O Nam Ou tb e conhecido pelos seus rapidos, principalmente mais acima, e nesta altura vai cheio e calmo, mas ainda tivemos que contornar alguns...num deles com o peso e o esforco de ir contra corrente o motor pifou. Ficamos a deriva em aguas agitadas mas rapidamente chegamos a guas calmas. O capitao conseguiu compor a a avaria depois de meia hora mas decidiu que os turistas por seguranca iam passar o rapido a pe...deixou-nos numa praia de areia que me queimava os pes e tive que me calcar, depois fi caminhar uma meia hora pela prias depois rochas e depois lama, floresta e escarpas pouco ingremes...as velhinhas francesas que vinham comigo ficaram aflitas. Mais uma vez fui o unico turista que foi ajudar alguem, situacao que ja nao e nova, ja me tinha acontecido na tanzania e noutros lugares, situacao que contrasta imenso qd se esta no meio dos locais que ajudam todos sempre que podem principalmente os mais velhos. Ficaram muito agradecidas e nao paravam de o que era um jovem tres gentille...de rir. Voltamos ao barco. Ao meu lado estava um jovem, o Khandi, que ficava numa aldeia perto do meu destno e falava ingles porque estudava em Luang Prabang e estava a comecar as ferias. Era Khamu e vivia numa aldeia Khamu. Convidou-me para ir a aldeia e conhecer a familia. Combinamos para o dia seguinte, as oito ele vinha-me buscar ao porto. O resto da viagem ate Muang Ngoi Neua foi tranquila. Comecei por ver uma escada branca que descia ate ao rio e era o porto. como a maioria das aldeias do Laos esta era uma rua que corre ao longo do rio. Nesta a maioria das casas tinha tambem restaurante e muitas na parte de traz bangalows virados para o rio. Depois de retirar a bicicleta mais uma escadaria para vencer todo carregado e mal cheguei ao cimo apareceu uma mulher a perguntar se queria quarto com river view, claro que disse que sim e la fui pelo meio de umas casas ate ao meu bangalow de madeira e banboo, com varanda virada para o rio e cama de rede, casa de banho com agua corrente, e ainda havia 2 mesas a fazer de restaurante em cima do rio. Preco 30 000 kipps, 2,5 euros...decidi aterrar e pus a bicicleta dentro do quarto, tomei um bom banho e fui conhecer a unica rua, parando em alguns restaurantes para beber um sumo aqui e comer uma panqueca ali, e acabei a ver o por do sol, deitado na minha cama de rede com um livro numa mao, uma beer lao na outra. Para o jantar nem sai dali e fiquei a ler enquanto havia luz electrica, ate as nove rodeado de uma nuvem de insectos que faziam com que a luz tremesse tal era a quantidade. Com o fim da luz electrica reparei surgiu em ceu repleto de estrelas como e raro ver e as sombras das montanhas, o ria corria silencioso e os ruidos da floresta estavam por todo o lado.
O dia seguinte comecou como habitual, galinhas, barcos, pessoas, levantar. Pequeno almoco tomado passeio pela aldeia e as oito la estava o meu amigo Khiang a minha espera para irmos a aldeia dele. Fomos os dois rio abaixo, no barco do tio, meia hora depois chegavamos. A aldeia era muito limpa e arrumada, nao tinha lixo, nao havia metal, nem plastico, nao havia electricidade e havia uma fonte comum para toda a gente. Os animais como em todo o Laos vivem numa harmonia surpreendente, caes, gatos, galinhas, porcos, patos, vacas, bufalos, todos sem conflito. Fomos primeiro a casa do tio que nao estava, depois a casa dele que tambem estava vazia, todos tinham partdo para trabalhar nos campos e so voltariam ao fim do dia...disse logo que ia ter de ficar a dormir la, e que iamos fazer uma grande festa....fique a pensar que nao tinha avisado no hotel e que nao tinha nada comigo....acabamos por ir ver a escola onde decorria uma aula cheia de miudos e mesmo nao querendo incomodar fui "obrigado a tirar umas fotos". Depois da escola fomos a casa de um amigo. Como todas as casas do Laos era construida sobre estacas, as paredes eram de bamboo e o tecto tambem. Por entre os espacos de no bamboo entrelacado passa ar e raios de luz que principalmente qd misturados com o fumo cria um ambiente muito engracado. A casa so tem uma divisao, os utensilios sao encaixados entre as tiras de bamboo nas paredes, o fogo faz-se de um lado onde se monta a "cozinha" e do outro os colchoes enrolados durante o dia. Muitas vezes tem moveis com muitas parteleiras mas ao contrario dos nossos nao acentam no chao mas estao suspensos do tecto, e tem parteleiras presas com tiras de bamboo, moveis conforme a necessidade do que se tiver a guardar, esta tinha um pequeno berco, pois o amigo vivia com a sua jovem mulher , uma filha de uns 12 anos e um bebe com 15 dias! Foram buscar a sempre presente para os convidados garrafa de Lao Lao (aguardante de arroz) com a qual brindavamos e a mulher comecou a preparar-nos petiscos com o que havia, arroz, feijao verde cozido, amendoins cozidos, molhos, vegetais fritos. A medida que a amanha passava e brindavamos com Lao Lao ia aparecendo mais gente que apenas se sentavam e comecam a fazer perguntas e comer. Sempre primeiro os homens e so depois as mulheres e criancas. Conhecendo ja o efeito da Lao Lao comecei a aldrabar e deixava o copo quase sempre intacto, ate que consegui que fossem comprar coca cola e a coisa melhorou um pouco...mesmo assim depois de muito comer e muitas fotos tiradas, foi altura de ir dormir a sesta....depois da sesta altura do banho...Toda a gente toma banho ao fim do dia no laos, seja na aldeia mais recondita seja na cidade o fim do dia e a altura do banho...muito diferente das nossas aldeias....o costume era o banho pelo natal...nem quero imaginar o que eles pensariam se soubessem disso. Toda a aldeia se juntou para me ver tmar banho e riam-se ou sorriam, perguntei porque ele disse-me que era por eu ter muitos pelos no peito nas pernas (o que nao e verdade, para o nosso standard pelo menos) mas ali ninguem tem e todos achavam que eu era aparentemente muito bonito...de rir. Bem banho tomado foi esperar pelo jantar, entretando consegui negociar a vinda ate a aldeia onde estava depois do jantar qd fosse hora de dormir. Ao fim do dia chegou toda a familia e matou-se uma galinha para o jantar. Consegui escapar a maioria dos copos de Lao Lao antes da refeicao. Antes de iniciarmos a comer o homem mais velho comecou a fazer uma prece qualquer enquanto todos punhamos as maos em cima da uma mesa. No fim todas as pessos agarraram num fio de linho tecido pela mulher do dono e davam um no e depois enrolavam-me no pulso, todas as pessoas enrolavam um em cada pulso para me dar sorte na viagem.
Come-se sentado no chao. Homens de um lado mulheres e criancas depois e noutro lado da casa. Uma travessa grande e redonda acenta num banco e serve de mesa. Nela estao sempre vairos pratos com varias coisas, varios legumes cozinhados de maneiras diferentes. Ao lado das travessas de comida feitas de madeira, costuma estar sempre uma colher que serve para se comer com ela e beber o cldo dos legumes, as colheres sao comunitarias e passam-se de pessoa em pessoa. O arroz vem em cestos de vime e retira-se com as maos, amassa-se e molha-se os molhos dos legumes, como e sticky agarra tambem a gordura da comida que temos nas maos pelo que nunca as sentimos com gordura. Demora horas a cozer nesses mesmos cestos a vapor e depois e mais ou menos prensado. O prato principal era a galinha que me era passada para a mao sempre que eu nao tinha um bocado...tentava deixar sempre para as criancas e mulheres mas pouco mais sobrou que ossos e cartilagens e alguma carne agarrada. Apos a refeicao as pessoas de fora da casa comecaram a dirigir-se para sua casa e era altura de eu partir. Fomos eu o Khandi e o tio. O rio estva calmo e a noite escura, o ceu no entanto estava lindissimo. Navegavamos junto a margem com ajuda de lanternas. Qd na aldeia coloquei a lanterna tipo "mineiro" na cabeca foi um riso geral, principalmente depois de verem que dava muitos tipos de luz. As arvores tem raizes que mergulham na agua e com as luzes pruzem sombras sempre em movimento, parecendo fantasmas. Os morcegos sobrevoavam e os ruidos da floresta chegavam entre o barulho do rio e do barco. Apos umas curvas viam-se ao longe as luzes de Ngoi Neua e depois de pararmos quiseram ir ver o meu quarto e a minha bicicleta, ficaram espantados com o quarto e cama, e qd viram o GPS perguntaram o que era...para simplficar disse que era telemovel que nao funcionava no laos. Nessa noite havia mais turistas no hotel e ainda no "restaurante" decidi completar o meu jantar com uma baguete e um cha e para meu espanto eram ja "velhos conhecidos" a Gabrielle, belga e o Amaurie frances. Temo-nos enconstrado varias vezes desde que entrei no laos inclusive logo na fronteira e fizemos logo uma festa, nao queriam acreditrar como e que eu vindo de bicicleta apesr de rota diferente tinha chegado la ainda antes de eles. No dia seguinte decidimos fazer um percurso pelas aldeias vizinhas em busca de uma queda de agua mas nao tinhamos tempo de ir e voltar no mesmo dia. Acabamos por ir ver uma caverna sem grande interesse, e uma queda de agua minuscula...mas passamos por aldeias muito bonitas, campos de arroz e acabamos a subir um rio pelo meio da agua a procura de outra suposta queda de agua nunca encontrada. Depois foi hora de voltar e chegar a tempo de ver o por do sol e beber uma Lao Beer para comemorar um dia bem passado e tomar o banho do dia. No dia seguinte decidi partir, apanhei um barco ate Nong Khiaw e depois outro so com tres turistas ate durante 5 horas ate Luang Prabang. foi uma sorte, esses barcos so vao de houver gente suficiente, de bicla ia demorar dois dias, pois a estrada nao acompanhava o rio. Mas como eramos muitos tiveram que dividir mas a maneira do laos, 10 turistas num barco e 4 noutro...eu ia no com outros 3 turistas o que foi uma maravilha...ate espaco para me esticar a dormir tinha...a paisagem era lindissima, entre escarpas e montanhas iamos passando por aldeias e acenando e dizendo sabaidee as criancas que brincavam nuas no rio e que corriam ao longo do rio enquanto nos acenavam...Pouco depois estava em Luang Prabang e sabe muito bem voltar a civilizacao ja conhecida e reconhecida em ruas e ruelas cheias de templos de um lado o mekong do outro com um afluente do mekong, os monges passeiam no meio dos turistas e o mercado nocturno e fabuloso. Vai ser altura de comer, fazer compras e preparar-me para proximas pedaladas. Conheci outro viajante de bicicleta mas que vinha desde a Austria!! ha 8 meses de bicicleta...a empatia com pessoas que andam a viajar como nos e imediata mas fiquei com inveja da aventura dele e comecei logo a ficar com ideias para uma proxima viagem!!